31.3.06

Estudo inglês sugere que trabalhos de grupo melhoram rendimento escolar

Os estudantes concentram-se melhor no seu trabalho, progridem mais e manifestam um comportamento positivo se trabalharem em grupo. Por isso, os professores não devem tentar controlar directamente a sala de aula, mas antes procurar ser um "guia" para o trabalho dos estudantes, mesmo que estes, no início, não observem bem as regras do trabalho em grupo.

Tal recomendação é sustentada nas conclusões de um estudo inglês que acaba de ser divulgado e que envolveu mais de 4.250 jovens dos cinco aos 14 anos de idade. As conclusões, recentemente divulgadas em Londres, indicam que, nos estudantes dos primeiros anos de escolaridade, o estudo em grupo nas aulas de matemática e de leitura produziu resultados benéficos, elevando o desempenho dos jovens em ambas as disciplinas. E nos estudantes do grau secundário, os professores reportaram que o trabalho de grupo impulsinou a capacidade de compreensão dos alunos em relação a questões conceptuais mais complexas.

O estudo insere-se no projecto SPRinG, desenvolvido pelo Instituto de Educação da London University, em conjunto com as Universidades de Cambridge e Brighton. Envolveu, entre 2005 e 2006, 162 turmas do ensino primário ao secundário e os resultados foram obtidos a partir da comparação do desempenho de turmas que adoptaram na sala de aula o trabalho de grupo com o das turmas que trabalharam segundo o método "tradicional", baseado na orientação directa professor-estudantes.

No final, os investigadores concluiram que o trabalho de grupo devia ter um papel preponderante no percurso escolar uma vez que ajuda os alunos "a desenvolver competências, confiança, respeito e sensibilidade". Simultaneamente, recomendam aos professores que não desistam do trabalho de grupo se a organização por grupos resultar em aulas mais barulhentas ou agitadas.

Sindicato de professores contesta conclusões

O maior sindicato inglês de professores foi ácido na reacção às conclusões dos investigadores da London University. Para a secretária-geral do sindicato, Chris Keates, as sugestões do estudo são "irrealistas". "É necessário ter em conta o contexto, as circunstâncias em que os professores trabalham", contrapõe a líder sindcal do NASUWT. "É um erro alguém dizer 'fizemos uma investigação, isto funcionou e vai funcionar em todas as ocasiões'", reforça Keates, na BBC News online.

Ed Baines, coordenador da investigação pela London University, salienta, no entanto, que o trabalho de grupo deve ser usado estrategicamente como um complemento do trabalho escolar a desenvolver com alunos daquela faixa etária. Nas turmas em que este critério foi adoptado, "houve avanços significativos" no rendimento escolar dos estudantes, atesta Ed Baines, com o desenvolvimento das "competências que os jovens vão precisar mais à frente nas suas vidas", acrescentou.

"[O trabalho de grupo] é sobre como tomar decisões em conjunto, chegar a um compromisso, resolver as dificuldades e defender uma posição no grupo", sublinha Barnes. Além disso, os estudantes envolvidos no trabalho de grupo passaram a ser mais activos e capazes de reflectir sobre os argumentos de um tópico, comprometendo-se mais com a sua aprendizagem, do que aqueles das turmas que no âmbito da investigação mantiveram o método tradicional de ensino, classificado pelos responsáveis do estudo como um método "passivo".