27.12.05

Inglaterra propõe reformas no ensino de História

O ensino de História nas escolas secundárias inglesas deve ser reformado. A opinião é defendida pela Qualifications and Curriculum Authority (QCA), a autoridade responsável pela supervisão dos currículos, competências académicas, exames nacionais e qualificações em Inglaterra.
Num relatório publicado na semana passada, aquele organismo, que depende do ministério da Educação, conclui que o ensino de História para os alunos entre os 14 e os 19 anos apresenta diversas falhas, apontando que um dos problemas a corrigir é o "gradual estreitamento" em tópicos como as "ditaduras do século XX ou os Tudors". Além disso, o ensino ministrado nas aulas "não tem em conta uma perspectiva multicultural e étnica da história britânica", refere o relatório da QCA, para quem a História contemporânea ensinada aos alunos ingleses acima dos 14 anos, está muito "hitlerizada".
Coincidência ou não, a avaliação dos britânicos feita pelo ex-embaixador alemão em Londres, Thomas Matussek, citado pela BBC, vai no mesmo sentido. "Os britânicos continuam obcecados com o Nazismo e ignorantes sobre a Alemanha moderna", diria o diplomata, em Maio passado, antes de abandonar o cargo.
Três medidas para inverter o rumo
Quanto ao futuro, a QCA recomenda no seu relatório (versão integral disponível aqui) que seja alargado nas aulas daquela disciplina o âmbito dos temas a abordar no ensino secundário. Simultaneamente, a entidade defende uma intervenção nesta disciplina nos graus de ensino anteriores, onde, segundo o referido relatório, os alunos apresentam resultados insatisfatórios em algumas competências, como o exame histórico e interpretativo das fontes. Neste sentido, os membros do QCA, que são designados pelo responsável da Educação no governo, afirmam que esta reforma deve levar os alunos a "desenvolver uma visão global mais coerente do passado", tentando assegurar, ao mesmo tempo, que o conteúdo abordado nas aulas seja "relevante para o século XXI".
No rol de acções a desenvolver, a QCA inclui a elaboração de guiões para professores primários e alunos desenvolverem a compreensão cronológica, a publicação de uma bibliografia completa de obras que suportem o ensino da História numa perspectiva multi-étnica, com enfâse nos aspectos da cultura de raiz africana e a disseminação de material pedagógico e dos exemplos de boa prática no ensino de História.
O NÚMERO
relatórios foram produzidos pela autoridade responsável pela avaliação dos currículos académicos que suportam o ensino primário e secundário em Inglaterra.
Cada relatório diz respeito a uma área ou disciplina específicas, desde Economia a Cidadania, passando pelas Ciências, pela Matemática, pela Religião, pelas Tecnologias da Informação e da Comunicação, pelas Línguas Estrangeiras, Desenho ou Música.