Presidente do CNE defende mudanças nas colocações de professores
O novo presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Júlio Pedrosa, mostra-se favorável à introdução de concursos de professores plurianuais no ensino nacional. Numa entrevista hoje publicada no Jornal de Notícias, Pedrosa lamenta a falta de discussão de matérias importantes relativas ao Ensino Superior e aponta alguns dos caminhos que a sua liderança pretende seguir na Conselho.
Júlio Pedrosa mostrou-se “plenamente” de acordo com a introdução dos concursos de professores plurianuais, sustentando que esta “é uma daquelas metas em que é mesmo necessário haver consenso”. Pedrosa pergunta “como é que uma escola pode ter um projecto educativo plurianual se 50% a 60% dos responsáveis pela sua aplicação mudam todos os anos?”, e lança de imediato a solução: “O que é preciso é ter o tempo suficiente para discutir e avaliar bem qual o melhor modelo a adoptar em função dos alunos e das escolas”. Até porque, para o presidente do CNE, “o sistema actual está esgotado e vai ser necessário proceder a mudanças”.
Manifestando-se adepto de “experiências” ao nível da educação, Pedrosa gostava de ver explorada possibilidade de serem as escolas a escolher o seu próprio corpo docente. “Gostava de ver algumas experiências feitas em escolas, dotadas de autonomia e um orçamento para executar e com alguma intervenção na escolha dos seus docentes”, afirmou ao JN.
Em matéria de ensino superior, Júlio Pedrosa acredita que “há problemas nas instituições que não têm estado na agenda”, manifestando a sua preocupação pelo facto de “não haver essa discussão”. E aponta problemas mais prementes como “o nível de abandono e reprovações”, ou a “implementação do processo de Bolonha”, que “vai ter exigências de organização dos currículos e das estratégias de ensino-aprendizagem muito distintas das usadas no passado”.
Júlio Pedrosa também se manifestou contra a introdução de um 13.º ano no ensino secundário. Segundo o presidente do CNE, a partir do momento em que um aluno entra no ensino superior “passa a ser da responsabilidade da instituição que o acolhe” resolver os seus défices de formação, ajustando “os seus processos de ensino-aprendizagem e acompanhar os alunos”.
Ainda no que toca ao Superior, Pedrosa lembrou que em 30 anos o número de alunos nas universidade portuguesas cresceu “de sete mil para 380 mil”, mas que “a ideia do que é o ensino superior” não mudou, pelo que Portugal continua “a usar modelos, processos e estratégias claramente desajustados dos alunos” que agora frequentam o ensino universitário.
A nova direcção do CNE pretende implementar um “eixo de acção voltado para a educação e as autarquias” bem como “identificar os eixos de convergência sobre questões de educação” na sociedade portuguesa, “através de um debate nacional”. A terceira aposta do Conselho Nacional de Educação centrar-se-á no “modo como a nossa escola pode lidar melhor com a diversidade dos alunos que a procuram”.
Entrevista na íntegra aqui.
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